quarta-feira, 4 de julho de 2012

“Sempre fui do contra. Ser igual todos os outros é tão chato. Qual a graça de um final feliz num filme? Durante os longos minutos de filme, uma só personagem é visada pra sofrer. Apanha, cai, desmaia, chora, sangra, desmorona, bate o carro, só desgraça. Faltando dez minutos para acabar o filme tudo é uma bela de uma reviravolta; a personagem como uma fênix, renasce das cinzas e derrota todos que fizeram-a sofrer. Isso não tem graça, é muita ficção. É como você assistir uma luta em que o cara apanhe a luta inteira, e do nada, com a cara toda rasgada, ele volta ao normal, cem porcento, sem nenhum arranhão. É isso que acontece na maioria dos filmes, só que a vida não é assim. Sei que o cinema tenta fantasiar um mundo melhor para vivermos longe de nossas realidades. De nada adianta, nada vai fazer com que tua realidade mude, a não ser que tenhas boa vontade para ver tudo mudar. E para tudo mudar, precisas de força de vontade também. Precisas aprender a deixar gente importante para trás, aprender como que se anda com os próprios pés sem ninguém para segurar sua mão, aprender como voa mesmos em ter asas, aprender que não podes voar muito alto, senão o tombo é muito grande e o choque com a maldita realidade maior ainda; precisas aprender tanta coisa ainda. Nunca teve graça torcer pro melhor time, com o melhor jogador. É mais do que certo que uma seleção com o melhor jogador do mundo vá ganhar da seleção Macedônica, por exemplo. Mas é aí que mora a graça de todas as coisas, torcer para o inesperado. Torça com todas tuas forças para o mais improvável. Torça para o final-não-tão-feliz naquele filme de romance adolescente e torça para o pior time da divisão. Torcer é sempre legal, a não ser que tu goste daquelas terríveis vuvuzelas. Não assista somente futebol. Assista um esporte diferente. Saia desse clichê impregnante dos dias de hoje. Não escute sempre as mesmas músicas, a cabeça cansa e a boca também cansa de cantar sempre as mesmas palavras. Mude um pouco. Mude a hora de acordar e de almoçar. Seja diferente de tantos outros. Se é inverno e todos usam casacos pretos, compre um alaranjado e saia com ele pelas ruas como se nada tivesse acontecido para receberes tantos olhares tortos. Se achar que é chamativo demais usar um casaco alaranjado, compre um guarda chuva alaranjado, pois a maioria deles são pretos. Se o sapato de todos for marrom, compre um azul claro. Chega de viver preso nessa coisa de estar-dentro-do-padrão. Mude. Ser igual não é nada, nada legal.”

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