sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

“Eu sempre fui independente, do tipo que sempre achou que nunca precisaria de ninguém. Sempre repetia “Você não precisa de ninguém pra ser feliz.” Com esse jeito, dava pra perceber que quando eu ficava mal, não eram muitos que vinham me ajudar. Um dia, senti que todos estavam se afastando e fiquei muito mal. Estava na rua, indo pra casa, chorando. Quando resolvi parar na calçada e ficar ali, sentada. Chegou uma menina e sentou ao meu lado. Não gosto de conversar com estranhos e simplesmente fingi que não a notei. Mas ela continuou e acabei me irritando. Perguntei: “- O que você quer aqui?” Ela me respondeu: “- Nada, só estava do outro lado da rua, te vi passando e parecia estar chorando. Eu fazia a mesma coisa e ninguém nunca me ajudou. As vezes só queria que alguém sentasse ao meu lado e me ouvisse. Então resolvi fazer por você, o que não fizeram por mim.” Não falei nada. Pela primeira vez ela tinha feito eu me sentir bem, segura, como se eu não estivesse sozinha. Foi tão estranho sentir isso de alguém que eu havia conhecido a uns 3 minutos. Ficamos caladas por uns 10 minutos. Então ela perguntou se eu estava com fome, pois poderíamos ir comer no MCDonald’s, já que era perto. Disse que sim e começamos a conversar. Nós fomos melhores amigas por 1 ano, até que ela se afastou. Certo dia, fiquei sabendo por uma menina do prédio em que ela morava, que ela havia mudado de cidade. Fiquei muito mal, pior do que nunca. A única pessoa que eu realmente precisava, havia me deixado sem motivos. Voltei pro fundo do poço, pro mesmo lugar de onde ela tinha me tirado. Depois de 3 meses ela me ligou. Não atendi. Mas ela insistia ligar todos os dias. O tempo todo. Uma vez atendi, e ela disse que tinha se afastado porque sabia que ia mudar de cidade, e ia ficar difícil de nos vermos mas que ela estava arrependida, e queria me ver. Eu disse que aquilo tudo era passado e o melhor a fazer era não nos vermos nunca mais. Eu ainda estava machucada e não conseguia fingir a falta que ela me fazia. Mas preferi não encontrá-la. Depois de 2 semanas a mãe dela me ligou. Achei estranho, porque eu e a mãe dela nunca fomos chegadas. Então ela disse: “-Giovanna, só estou ligando porque sei que você foi melhor amiga da minha filha na pior fase de sua vida. Acho que ela gostaria que você fosse se despedir.” Sem entender, perguntei do que ela estava falando. Aí ela explicou que a Bruna tinha câncer, mas não contava pra ninguém pra que não tivessem pena dela. A família dela havia mudado de cidade pra tentar um último tratamento, mas que se falhasse, a levaria a morte. Infelizmente ela não resistiu. Havia morrido naquela mesma madrugada e seu enterro seria no mesmo dia, umas 4 horas da tarde. Desliguei e não consegui nem chorar. Só conseguia sentir culpa. Culpa por te-la julgado. Culpa por não ter ido atrás enquanto tive chance. Me sinto mal e imagino como teria sido se eu tivesse visto ela pela última vez. Como teria sido ter as nossas conversas, as nossas brincadeiras de volta, pelo menos uma última vez. Hoje não vou te-la nunca mais. Corra atrás, mesmo que você ache que não vale a pena ou que a pessoa a quem você mais confia não esteja te valorizando. Isso é uma coisa que pode ser arrumada, quando a amizade é verdadeira. Tudo se dá um jeito.

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